Corrente Mostra 2011 – #01


Foto: Karina Delgado

Foto: Karina Delgado

A abertura do Corrente Mostra 2011 trouxe à tona a apresentação do Coletivo Corrente Cultural enquanto uma plataforma que pode ser apropriada pela cultura Hip Hop de Poços de Caldas. Em reunião com agentes deste movimento e membros do coletivo, ocorreu um debate acerca das problemáticas e das possibilidades de ascensão dessas duas frentes reunidas em prol de um objetivo em comum: a união pela independência.

Houve uma breve explanação sobre a dinâmica do Corrente, que começou a ser idealizado em meados de 2009 e impulsionado, sobretudo, após o contato com redes sociais tais como o twitter, ferramenta da internet que possibilitou reflexão e acesso sobre diversas informações da atualidade. Diante da situação momentânea, que se resumia a muitos artistas que começavam sua carreira musical independente muito cedo, porém abandonavam seu sonho depois de alguns anos sem ter retorno do que era produzido, começou-se a pensar em ações que viabilizassem um olhar atento a essas questões e, principalmente, o reconhecimento do esforço de tais artistas. Assim, o primeiro evento que abrangeu tais propostas foi o Grito Rock em fevereiro de 2010.

O que antes era apenas aspiração, hoje, após pouco mais de um ano de existência, resulta num total de 73 shows de música independente realizados. Tudo isso é possível graças a organização e estruturação que o coletivo possui, o que envolve trabalhos de capacitação para aqueles que não tem conhecimento sobre determinado assunto, bem como para aqueles que querem aperfeiçoar o que já sabem.  Desta forma, coletivizar significa dedicar-se e investir tempo, conforme a disponibilidade de cada um. Assim, é muito mais fácil adquirir voz ativa e conquistas, tanto coletivas, quanto individuais.

No cenário da cultura Hip Hop, DJ Mancha destacou que embora haja poucos recursos para a realização dos trabalhos, esse não é o maior problema enfrentado pelos agentes desse cenário, mas sim a falta de organização entre os mesmos: a “arte de se comunicar” precisa fazer parte do movimento em Poços. Antes mesmo da união, é necessário que, primeiramente, se organizem; pois só assim conseguirão tornar qualquer projeto, de fato, efetivo. Neste sentido, um ponto forte ressaltado por Jéssica Balbino é a força de vontade. Vale repensar questões como o apoio e incentivo a outros grupos que não o seu, visto que mesmo que ninguém pare com o seu trabalho e esteja sempre na luta, falta o “fortalecimento”, ou seja, um rapper ir prestigiar o show de outro, comprar os CDs de outro, apoiar o trabalho de toda a cena.

Uma comparação com os trabalhos do corrente foi colocada em destaque na roda de conversa: Pit pontuou que falta a troca de serviços, como também falta capacitação; o que os limita muito, já que não entrar em contato com a realidade pode mascarar pessoas em potencial. Possivelmente esse comportamento individualista provenha do medo de ficar devendo favores. Lembrou, ainda, a partir de um comentário lançado por LeoPac, o qual disse que falta espaço e reconhecimento para patrocínio, que as quadras dos bairros poderiam ser um ótimo espaço para shows e eventos do hip-hop, mas estas encontram-se abandonadas.

Outros aspectos importantes também foram discutidos, como o preconceito que, segundo a rapper Talita, ainda é muito marcante, e a falta de atitude dos próprios agentes para consolidar projetos, comentada por Jéssica Balbino, pois para que se alcance reconhecimento, é preciso esforço e empenho.  Esta destacou, ainda, que embora existam pessoas com talento e trabalhos muito bons, a população não se encontra informada a ponto de entender o propósito do Hip Hop. Portanto, a divulgação deve entrar em cena de todas as formas possíveis para que se reverta tal situação.  Levantou-se, assim, a possibilidade de se levar CDs para as rádios, que mesmo ainda sem espaço na programação, vão começar a se interessar na hora que passarem a receber vários artistas da cena. Talita também ressaltou a importância do movimento enquanto “ferramenta de educação” – tem um projeto de hip-hop dentro do programa Recriança, em Poços de Caldas.

O encerramento desse encontro se deu com depoimentos da galera do Uclanos – os quais chegaram atrasados, pois estavam ao vivo em um programa da tv local – sobre a experiência de entrarem em contato com a Casa Fora do Eixo de São Paulo (#CAFESP), onde tocaram no projeto Ao Vivo na Casa. Disseram o quão é importante pra todos participar dessa movimentação, entender todo o processo, e compreender que “a hora do hip-hop  é agora”. Para finalizar o encontro, mas não as discussões sobre essa temática, criou-se uma lista de emails, denominada “Hip-Hop Poços”. Foram adicionados todos os presentes, sendo que alguns deles ficaram responsáveis por coordenar esta lista. São eles: Jéssica Balbino, LeoPac, Juliana Martins, Mb2 e Mancha.

Gostou do que leu? Então fique ligado no Corrente, pois esse foi só o primeiro dia de muitas ações que ainda estão por vir!