Universo K2: treze passos por três


Diego Ávila. Foto: Léo Zaneti.

Diego Ávila. Foto: Léo Zaneti.

“Douglas, batera do K2, grande amigo. O Douglas, além da parte rítmica, de ensinamentos e influência de outros ritmos pra nossa música, traz uma firmeza, uma postura de enxergar a banda como um empreendimento. Acho que é uma peça essencial pra pensar estrategicamente, como um modelo de negócio mesmo. Além da amizade, além da música, para o K2 ajuda a coordenar essa engrenagem”. (Pedro Cezar)

“A gente é amigo de antes da banda, de jogar futebol, estudamos na mesma sala com 10, 11 anos de idade. Então a primeira coisa é amigo. De verdade. O Diego é um senhor músico. Eu tento ficar estudando quatro horas seguidas todo dia, aí eu chego lá e melhoro um pouquinho. O cara fica sentado, chega no outro show ele toca melhor ainda. Tem uma facilidade. Também é peça fundamental pra colocar a gente no eixo, faz a galera parar e pensar. A minha maior felicidade é de ter esses dois caras perto”. (Douglas Maiochi)

“Eis aí Pedrinho. É peça fundamental do K2. O Pedrinho sempre chegou com as letras pra gente e em todas eu assino embaixo o que está sendo dito. Não tem uma letra que eu chegue e fale ‘ah, legal essa letra aí, xô tocar meu baixo’. Não, não é assim. Eu toco a música porque eu acredito na mensagem da música. Então tá aí, Pedrinho, grande compositor e agora guitarrista solo da banda, uma coisa que alguns anos atrás nem pensávamos nessa ideia”. (Diego Belchior)

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É em espiral de solos e poesias que a Banda K2 mostra-se “Power trio” em espírito. Mais do que a força autêntica de três instrumentistas, há um som ao mesmo tempo íntegro – em seus ecos e verdades – e indecifrável – por ser realizado para o público e pela energia de quem os escuta ou assiste.

O “rock brasuca e honesto” está nas vivências de Pedro Cezar, Douglas Maiochi e Diego Belchior há 13 anos recém completos, agregando influências com multiplicidade de ritmos e artistas – de Rage Against the Machine a Milton Nascimento, de The Beatles a Raimundos, de Paralamas do Sucesso a System of a Down. “Tem muita influência, um de cada lado, sempre procurando conhecimento. E isso também é fundamental” (Douglas).

Partindo de Poços de Caldas-MG e atualmente residente em São Paulo-SP, a banda parceira do Coletivo Corrente Cultural percorreu uma estrada de mudanças e constante crescimento, gravou o disco de estréia “MusiK2” (2000), venceu festivais importantes – como o Som Submarino (site Submarino) e o Coração de Estudante (Globo/UNE) – e ganhou projeção nacional com o segundo CD “Locomotiva” (2003), com produção de Marcos Gauguin.

Mas a convivência diária pela decisão de “botar [a banda] pra frente, morar junto e saber quem é quem” (Douglas) é que garantiu o grande passo para integrarem uma história dedicada à música autoral, produção independente e circuito alternativo. “A gente está aqui hoje mostrando nosso trabalho com a mesma intensidade que a gente mostrava há 13 anos” (Pedro).

Atualmente, o trio prepara o lançamento do quarto álbum, que deve trazer uma pegada mais intensa, com vibrações de uma apresentação ao vivo, também por mudanças no processo de composição. Entre jam sessions, o trabalho tornou-se muito mais coletivo, “de todos os integrantes”. “Mesmo que eu apresente a música, a estruturação tem muito mais da parte rítmica do Douglas, muito mais da parte de melodia também e de voz do Diego. A gente está experimentando um tanto antes de chegar à levada definitiva” (Pedro).

E como definir a completude do K2? De “gostar do que faz e viver de arte”, nas palavras de Douglas Maiochi ao “Rock questionador diferente do atual”, pelo sentimento de Diego Belchior ou na essência destacada por Pedro Cezar: “o som nosso é popular, é um rock pra alcançar um público que é carente de informação e trabalhar tanto a parte da arte, da linguagem musical, quanto levando uma mensagem que tenha um valor a mais para a pessoa que está ouvindo”.