Foto: Sandra Ribeiro
Domingo, 28 de agosto de 2011. Dia de céu azul, sol e praça cheia. Crianças pedalavam pequeninas bicicletas, enquanto os pais atrás seguravam os sacos de pipocas, algodões doces e a vontade de dançar junto a Fonte Luminosa, que oferece música em bom e alto som. Visitantes de outras partes, São Paulo, Mocóca, Belo Horizonte, idosos, jovens, casais. Ao fundo, o imponente Palace Casino, onde já funcionara cassinos, bailes glamurosos e contemporâneamente Congressos e encontros de todas as naturezas. É certo que ele está em reforma, todo cercado de arame e montes de areia, mas ainda é o Palace, e por onde me perguntarem, será sempre o Palace Casino, da Boite Azul, dos teatros majestosos e do carnaval de outros carnavais, quando se fazia valer o tal. Que ele reviverá tudo isso daqui há algum tempo, não tenho dúvida, é só os montes de areia se secarem.
Enquanto isso, na Praça ao lado, lá em baixo junto das caçadas, embandeirandos as cercas com poemas, esticando varais entre postes, estavam alguns, gente bonita de toda forma, altos, magros, gordos, baixos, velhos, prodígios, turistas, locais, sem destino. As pessoas iam se juntando, perguntando quem eram aqueles escritores – imaginando algum primo poçoscaldense do Drummond, ou talvez imaginando que a Cecília Meirelles por ali teria alguns parentes, poetas, ou amores. Eram todos novos poetas, da nova literatura que surge sem anunciar, que não está nas livrarias, que já mora dentro de todos e se torna o novo sentido da arte.
E foi assim, no dia 28 de agosto, que fez-se o sarau Poesia na Praça em Poços de Caldas-MG. A cidade, turística, sediou a intervenção do Coletivo Corrente Cultural e colaborações da Fora do Eixo Letras no Parque José Affonso Junqueira, conhecido como “a Praça da Fonte Luminosa”. Ali as ações correram soltas à pedaladas de bicicletas pequeninas; #VaraldaArte com poemas locais e participações enviadas pela FEL, interação com participantes nos papéis em branco disponíveis para soltar as suas letras, as “patas de vacas” poéticas – dobraduras de brincadeira comum nas escolas, que adaptadas serviam poesias a cada movimento dos dedos -, algumas placas com poemas em destaque, pintados, e toda poesia, vista e revista, declamada por quem quisesse. Destaque para participações além do coletivo, que se juntaram à roda e declamaram seus poemas, ou de amigos, aqueles que sabiam de cór, ou então algum outro que colhiam no Varal.
E se foi bom, ficou-se decidido. O sarau Poesia na Praça se repete a todo último domingo de cada mês. Se achegue, vocês e tua poesia.
A arte que mora em nós, não mede produção, não se presta nem empresta. Está sempre viva para ser compartilhada e é dela que fizemos o poema a seguir, de participação [in]voluntária de todas as letras, de todos os escritores do 1º sarau Poesia na Praça.
“menos TV e mais leitura, novas descobertas” (1)
“falar eh prata, ouvir eh ouro “(2)
“passei, li, pensei, sonhei e então escrevi”(3):
O “que nao cabe nos limites do corpo”(4)
E que “quanto mais nos encontramos menos o tempo se desfaz”(1)
Ah! “Que falta eu sinto desse cantinho”(5)
Onde se reúnem “poetas por natureza na tristeza e na alegria.
Ainda que sejam anônimos reais carregam todos o dom
De deixar um pouco de alma em cada poesia”(1)
“Se eu pudesse escrever uma história infinita, seria a nossa”(6)
“Aca sou lápis instrumento cirúrgico do sonhador”(6)
Pois “nao quero ter a nossa inspiração presa entre quatro paredes”(7)
Sendo assim como “as flores se defendem pelos espinhos”(4)
Nos nos defendemos pelas nossas poesias.
(1) Cleide Dias
(2) Juliana Martins
(3) autor desconhecido, escreveu durante o sarau
(4) Amanda Oliveira
(5) Pedro Cezar
(6) Renan Moreira
(7) Tokinho e Drico
Compilação: Junior Veiga e Tetê Nassif.
Participe do 2º sarau Poesia na Praça, que acontece nesse domingo, 25, a partir das 15h00 no Parque José Afonso Junqueira.
Mais informações:
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Confira como foi o Sarau Poesia na Praça do mês passado nas fotos e vídeo abaixo:
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