Um trio, uma responsabilidade: fechar o Grito Rock Poços de Caldas 2012. Se o festival até aqui recebeu 11 bandas e dessas, oito de outras localidades, digno é ter o santo de casa fazendo O Milagre. E foi nesse contexto, que a banda K2 subiu ao palco disparando muito rock, letras coesas e peso, com a sábia atitude de oferecer muito mais que diversão, uma alternativa para a referência na evolução musical da nova geração de artistas locais. “Toda Mãe é Santa” pareceu aludir ao milagroso ato de auto-gestionar o seu próprio trabalho – prática comum à K2. “Menina Doida”, grande sucesso da banda, trouxe à mente do público os momentos sempre brilhantes noutros palcos e, por que não nesse do GR Poços ’12 onde pareceram brilhar ainda mais. O ápice chegou com “Locomotiva”, canção da banda que fez a casa tremer – literalmente, meu amigo – com pulos de uma plateia insana sob a maestria do rock n’ roll do trio.
Um dos destaques da apresentação foi a evidência de uma veia político-cultural do powertrio, uma real preocupação com o cotidiano social, cultural e midiático. A tragédia de Pinheirinho em São José dos Campos, SP, foi lembrada por Pedro Cezar (vocal e guitarra) como “uma completa falta de noção de civilização”, referindo-se a mentalidade daqueles que moveram forças para retirar os residentes de suas próprias casas. O que se vê é que toda a banda, com Diego Belchior (vocal e baixo) e Douglas Maiochi (bateria), se mostra engajada em movimentos socioculturais.
Declarações também aclamadas pelo público foram a de que o quarto álbum da banda será gravado ainda esse ano e a de que o grupo fará uma turnê local nesse primeiro semestre de 2012.
No alto-falante o que se ouviu mesmo foi o rock visceral da K2, de identidade sempre mutante levando o inesperado ao expectador e nuances entre o ska, o hardcore e o metal que fazem deixar todos esses rótulos de lado para se firmar como Rock Poçoscaldense, da melhor espécie. Viva o rock daqui, o teu rock, o nosso Grito Rock Poços de Caldas 2012. Grite alto pela sua cultura.