SEXTA (dia 23/09/11)
No primeiro dia do Circuito Tela Verde [#CircuitoTelaVerde], o evento teve início por volta das 17h, com a exibição de vídeos curtos, entre animações e mini documentários, com a temática ambiental.
No intervalo entre as atividades as pessoas presentes puderam conversar um pouco durante um Café com Prosa, antes que se iniciasse o workshop “Água e Sociedade”, que foi ministrado pelos geólogos Helio Antonio Scalvi e Rogério Sepúlveda.
Helio abordou a questão histórica das águas de Poços de Caldas, relatando as principais características dos rios e córregos que passam pela cidade e suas influências na formação do município e de sua identidade sociocultural. Rogério Sepúlveda relatou sua experiência com atividades de mobilização social na bacia do Rio das Velhas, fez alguns questionamentos em relação ao papel e responsabilidade de cada um na gestão e qualidade das águas, além de ressaltar a importância da articulação entre as propostas do governo no objetivo de promover melhorias efetivas na qualidade das águas e na conscientização da população.
O tema foi bastante debatido com os presentes, bem como a questão do crescimento urbano, impermeabilização das áreas e problemas decorrentes da falta de planejamento, como desmoronamentos e inundações. Foram debatidas também questões como o monitoramento participativo feito pelas comunidades que vivem próximas à realidade de cada rio, a ligação da cultura local com a questão da água e o imaginário popular vinculado aos rios.
O segundo workshop do dia, “Plano Diretor e Meio Ambiente” foi apresentado pelo Arquiteto e Urbanista Francisco José Cardoso, mais conhecido como Professor Chiquinho, e pela geóloga Ângela Maria Santos.
Prof. Chiquinho começou falando dos aspectos do planejamento urbano, das cidades e a natureza transformada pelo homem; falou da importância do processo de construção coletiva e do planejamento correto dessas ações, abordou as diversas faces da percepção ambiental e falou de Poços de Caldas como uma cidade com características muito peculiares em relação a outras, destacando que a água sempre foi um elemento fundamental na formação da cidade. Mas ele alertou que as conhecidas “águas virtuosas” estão perdendo suas características e finalizou afirmando que é possível, através de alternativas inteligentes, ter uma ocupação urbana com baixo impacto.
Ângela falou sobre as características do planalto de Poços de Caldas, focando na questão das águas subterrâneas e falhas geológicas na região. Alertou sobre os riscos de alterações no plano Diretor municipal, já que o mesmo foi elaborado com a participação da sociedade e diversos estudos técnicos bem fundamentados, atentou para o problema da mineração em Poços de Caldas e falou também que, ao longo dos últimos anos, as águas termais vem perdendo parte das suas características como a temperatura e vazão; reassaltou que a impermeabilização de áreas de recarga podem acarretar sérios problemas às águas de Poços de Caldas e questionou a implementação do projeto de construção do Paço Municipal e Centro de Convenções pelo Poder Executivo, já que projeto contraria todo o zoneamento do Plano Diretor Municipal e sua execução é um grande risco pois suas consequências ambientais e sociais podem ser irreversíveis.
Os debates foram bastante produtivos e foi proposto que, como produto dessas apresentações e discussões, seja encaminhada uma proposta em conjunto, como contribuição social, para a revisão do Plano Diretor do Município de Poços de Caldas, prevista para Dezembro de 2011. Foi sugerido também que a discussão tenha continuidade, através de outros encontros e debates, em torno da questão ambiental no município de Poços de Caldas.
SÁBADO (dia 24/09/11)
O primeiro tema do dia foi a “Economia Solidária”. O tema foi abordado em forma de bate-papo entre os participantes, que se organizaram em uma roda de diferentes olhares e expectativas. Com a condução de Luis Antônio de Freitas Junior, o “Juninho” da Rosa dos Ventos e da ONG Mãos da Terra, que apresentou a Economia Solidária como uma nova proposta de desenvolvimento social, com base na cooperação, no consumo consciente, indo contra as diretrizes impostas pelo atual sistema econômico, ressaltando ainda que algumas formas de praticar a economia solidária é através da troca, na valorização da agricultura familiar, artesanato, valorização de produtos regionais e de pequenos produtores.
Os debates foram gerados em torno da real possibilidade da aceitação de novos estilos de vida, da disponibilidade de mudanças, dos conflitos de interesses da economia solidária com grandes corporações e governantes e sobre o caráter subjetivo dos princípios da economia solidária, que para cada pessoa, possui um significado.
Após um Café com Prosa, seguiu-se o workshop “Pegada Ecológica”, também em forma de bate-papo, apresentado por Maíra Miller Ferrari, educadora ambiental do Coletivo Peleja de Patos de Minas. A oficineira falou sobre a relação entre produção e consumo e sua associação com o prazer, desencadeando o “consumismo” ligado ao status e poder, à segurança e identidade e à obsolescência programada. Abordou questões do cotidiano ligadas à alimentação, transporte, higiene pessoal, consumo de água e energia, e apresentou o programa “Nós Ambiente”, que atua nos Festivais de Música Independente no intuito de minimizar os impactos e promover a consciência ambiental. Para finalizar, Maíra mostrou, através de exemplos práticos, como é possível reduzir os nossos impactos em relação ao consumo de recursos naturais e na mudança dos paradigmas do consumo.
DOMINGO (dia 25/09/11)
O encerramento do CTV 2011 se deu em grande estilo, dando boas-vindas à nova estação. O Festival da Primavera aconteceu no Parque José Afonso Junqueira e foi promovido em conjunto pelo SESC MG Poços de Caldas, Prefeitura Municipal, Conservatório Antônio Ferruci Viviani, ONG Planeta Solidário, Coletivo Corrente Cultural e CBH Mogi/Pardo, e ainda apoio da Fundação Jardim Botânico e Departamento Municipal de Água e Esgoto – DMAE.
Além do Espaço Tela Verde, com a exibição de vídeos ao longo do dia, a programação do último dia do evento ofereceu ao público oficinas de Fotografia – com a fotógrafa Camila Forlim -, Construções Ecológicas – com as arquitetas e urbanistas Sandra Ribeiro e Carol Nassif -, Uso Criativo de Sucatas – com a artistas plástica Tetê Nassif -, Stencil – com a Técnica Ambiental Renata Alves -, e Árvore Viva – com agentes da Fundação Jardim Botânico, além de uma Feira de Trocabaseada nos princípios da economia solidária, pela qual passaram livros, CD´s, DVD´s, bijouterias, brinquedos, e outros.
Teoria e prática se fundiram nos três dias do Circuito Tela Verde, mesclando conteúdos técnicos, experiências práticas e ideais de mudança no cenário socioambiental.
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