Que Poços de Caldas tem excelentes artistas você já sabe. Escritores, poetas, músicos, fotógrafos, ilustradores e muito mais. Talvez, o que você ainda não saiba, é que grande parte dessa turma tem uma produção autoral de alta qualidade e inclusive se dedica seriamente para o fortalecimento desses trabalhos. Agora, de fato, o que você pode não estar sabendo é que, desde fevereiro de 2010, a cidade ganhou espaços para a apresentação e exposição desses artistas!
A Noite Fora do Eixo Poços de Caldas é uma das ações do coletivo Corrente Cultural que busca dialogar com esses agentes, criando maneiras alternativas de escoamento dessa produção, e a cada edição surpreende mais o público poçoscaldense. No mês de Julho não foi diferente!
Diretamente de São Carlos, SP, a banda Aeromoças & Tenistas Russas trouxe ao palco do New York Pub uma apresentação extremamente rica em experimentações, nitidamente calcada no entrosamento conseguido via inúmeras incursões pelo interior do Brasil e grandes festivais de música independente. O Aeromoças funde execução intensa com rock, funk e jazz, bateria, saxofone, baixo, sintetizador e guitarra, promovendo a dança involuntária da plateia logo nos primeiros compassos – seguindo numa crescente, freneticamente, até o final. Além da perspectiva artística e estética contida na música instrumental do Aeromoças, existe a preocupação com os novos caminhos do mercado cultural: os integrantes fazem parte do “Aparelho Coletivo”, um ponto de linguagem em São Carlos-SP, voltado para a estruturação e gestão de carreiras independentes.
No intervalo o movimento se intensifica no corredor do pub, onde se encontra o Varal da Arte, com as fotografias da poçoscaldense Crys Marques e textos de diversos escritores da Fora do Eixo Letras (#FEL), a frente literária do Circuito Fora do Eixo. Ao lado das fotografias cosmopolitas e caipiras (!) poemas de vários cantos do país. A banquinha do Corrente também se configura como um ponto nacional de recepção e distribuição de CDs independentes, revistas e zines.
Eis que surgem riffs de guitarras e fortes batidas na bateria: é o Havanna no palco! Uma equilibrada alternância entre ritmos acelerados e explosivos, e nuances mais melancólicas e melodiosas garantem a fluidez da apresentação. A banda, que tem representado (e muito bem!) a nova safra da música autoral de Poços de Caldas, é um dos exemplos mais bem sucedidos de entendimento das novas lógicas do mercado da música. Seu primeiro show em ações do Corrente Cultural foi durante o Grito Rock 2010 e de lá pra cá a evolução se encontra nas composições, letras, arranjos e performances. As canções “Lado de Lá”, “Procura em Mim”, “As Cartas” conseguem traduzir diversas influências que norteiam o som do Havanna e dão indicativos de que vem por aí um disco – em estágio de gravação – bastante coeso e ousado.