De ecos: o local e a verdade nos gritos de independência


Foto: Tokinho

Foto: Tokinho

À meia-noite do dia que deixava para trás os gritos que transformaram em folia o rock’n roll mais legítimo e independente em Poços de Caldas [MG], a nativa Mekanos, “sem saber se era necessário explicar”, bradou: em força e verdade, o Grito Rock, que já se estendia em sua quarta noite, ecoaria por muitos espaços ainda.

Os vocais compartilhados de Gustavo Infante e Vitor Negri iniciaram a noite mostrando a sintonia e apresentando a singularidade da banda Mekanos, que em arranjos e letras primam por uma simplicidade ímpar, expressando a mais intensa e complexa musicalidade. Não é à toa que, ao lado do baixo bem marcado de Guilherme Fernandes e as viradas exatas da bateria de Cristiano Figueiredo, levaram seus tons para quatro cidades mineiras durante a circulação do Grito Rock 2011: Sabará, Ribeirão das Neves, Belo Horizonte e Poços de Caldas.

Do álbum “Registro de Pequenos Objetos”, lançado em 2009, a banda apresentou músicas como “Quase tudo bem”, “A vista do terceiro andar” e “Vento n’água”, em uma multiplicidade de influências e dissonâncias, que emolduram uma trilha já consolidada. A música “As calçadas”, foi uma mostra da agregação que a cena musical da cidade tem vivido: de autoria de Pedro Cezar (banda K2), a versão ao vivo foi entoada pelo próprio compositor, em um multiplicar de vozes ao lado dos intérpretes. O novo trabalho, em fase de pré-produção, trouxe ao público a surpresa e a certeza da liberdade criativa e de uma sutil intensidade.

A segunda banda selecionada para o evento cancelou sua apresentação na véspera, por decisão própria. A banda estava ciente de todas as condições estabelecidas no ato da inscrição e é única responsável pelo cancelamento.

O encerrar da noite e de quatro dias de gritos não poderia ter sido feito de melhor forma: a expressividade múltipla em uma integridade única fez-se em energia da, também poços caldense, banda Havanna. Os mais de sete anos de existência são levados em sintonia para o palco, agregando as diversas feições em um único estilo – não apenas de seus elegantes trajes, mas da musicalidade bem definida e engomada.

No vocal encorpado de Kaio Fera e nas expressividades diversas de Thiago Ferreira (guitarra), Renan Moreira (Guitarra), Adriano Coxa (Baixo) e Ramiro Diniz (bateria), a Havanna mostra que é possível levar a emoção de cada um, e de todos, em melodias carregadas de identidade, com a integração de instrumentos como a escaleta, a viola, o triângulo e o cavaco. A apresentação enérgica de músicas como “As cartas” e “Lado de lá” transita em percepções sutis que chegam ao alpendre da “Casa da Vó”.

O fim, em instrumentos deitados ao chão, deu o tom de um festival que aportou pela segunda vez nessas terras. Por onde passou a diversidade em ritmos, em sotaques e em traduções de musica e vivência. De São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, ou daqui mesmo, de Minas Gerais, o 2º Grito Rock Poços de Caldas se encheu de independência e certezas de que novos rumos estão sendo delineados na música e nos confetes e serpentinas.

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